Roseira, Arnaldo Deodato da Fonseca (1912 - 1984)
Professor - Ciências Biológicas, Botânica
Aluno e discípulo do naturalista Gonçalo Sampaio, Arnaldo Rozeira ao longo da sua vida colaborou em trabalhos de Antropologia e fez investigação sobre algas verdes (desmídeas), mas é na área da botânica que desenvolveu a maior parte do seu trabalho e onde se destacou pelos seus trabalhos em sistemática, fitogeografia e fitossociologia, sobretudo da vegetação portuguesa. Em 1934 licenciou-se em Ciências Biológicas, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Nesse mesmo ano ingressou na carreira de docente universitário do grupo de Botânica da mesma instituição, como assistente extraordinário. Em 1931 matriculou-se também no curso de Medicina, mas sem o concluir, apesar de ter obtido aprovação em algumas disciplinas. Ainda aluno, em 1934, fez parte do pessoal de investigação antropológica que trabalhou no Palácio de Cristal, no âmbito da 1ª Exposição Colonial Portuguesa, na colheita de elementos de estudo em indivíduos das colónias, sob a direção de A. A. Mendes Correia. Em1954 integrou a Missão Científica de S. Tomé (dirigida por Ezequiel de Campos), enquanto Chefe da Brigada de Sociologia Botânica, no âmbito da qual se deslocou a São Tomé e Príncipe para prospecções botânicas em 1954, 1957 e 1958. Em 1956 apresentou duas comunicações na sessão da Conferência Internacional de Africanistas Ocidentais (C.I.A.O.) em S. Tomé, uma das quais em conjunto com o botânico A. Exell (Natural History Museum (BM), Londres). Durante a visita do Orfeão Universitário do Porto em 1956 a Angola, num roteiro por várias cidades, de cujo acompanhamento foi encarregado, colheu material vivo que ficou em cultura nas estufas do Instituto de Botânica “Dr. Gonçalo Sampaio”, além de exemplares para estudo. Em 1957 realizou as provas para professor catedrático de Botânica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, apresentado a lição Estudos Botânicos nas Ilhas de S. Tomé e Príncipe. Problemas fundamentais, tirando partido dos trabalhos realizados com flora tropical. Nesse mesmo ano é nomeado como professor catedrático. Há indícios que os trabalhos de preparação desta lição foram realizados em Kew Garden (Londres, Inglaterra), com o botânico A. Exell. A sua colaboração com estudos de flora tropical continuou, nomeadamente pelo facto de ter integrado o Agrupamento de Estudos Ultramarinos da Universidade do Porto, projeto constituído em 1961, dirigido por Arnaldo Madureira e Sousa (enquanto diretor da Faculdade de Ciências), com o objetivo de continuar a contribuir para o melhor conhecimento das províncias ultramarinas, tendo em conta o volume de material de lá trazido no âmbito das missões científicas, existente nos Museus da Faculdade de Ciências. No âmbito do III Curso de Férias no Ultramar, organizado pela Universidade do Porto, durante o ano letivo 1961-62, proferiu em Angola e Moçambique, ciclos de 6 lições sobre Transformismo. Em 1960 tomou posse como diretor do Instituto de Botânica “Dr. Gonçalo Sampaio”, sendo reintegrado de 1967 a 1970 com a mesma função. Foi diretor do Jardim Botânico da Universidade do Porto de 1960 a 1974 e novamente em 1982. Foi também diretor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto entre 1972 e 1974. Dirigiu ainda, interinamente, entre 1958 e 1959 o Museu e Laboratório Antropológico anexo à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 1961 foi nomeado Vogal na Secção de História Natural da Junta de Investigações do Ultramar, cargo para o qual foi reconduzido em 1971. Entre 1964 e 1966, integrou os Estudos Gerais Universitários de Angola (instituição precursora da Universidade de Luanda), onde ocupou o cargo de vice-reitor. Presidiu a alguns exames de admissão e aptidão aos cursos superiores e médios em Moçambique (1970), Macau (1971) e Angola (1973). A partir de 1958 colaborou com o Agrupamento Científico de Farmacognósia para o estudo das plantas medicinais do Ultramar (com núcleos no Porto, Coimbra e Lisboa), enquanto responsável pela orientação dos trabalhos de cultura e aclimatação de plantas selecionadas, provenientes do Ultramar, no Jardim Botânico do Porto, à data dirigido pelo diretor do Instituto de Botânica “Dr. Gonçalo Sampaio”, Manuel Ferreira. Autoria: Sofia Boanova Viegas
Organismos
Agrupamento Científico de Farmacognósia para o Estudo das Plantas Medicinais do Ultramar PortuguêsAgrupamento de Estudos Ultramarinos anexo à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto